sexta-feira, 18 de abril de 2008

Uma Vida de Paixão ao Futebol

Paixão pelo futebol é o que move o jornalista Levi Mulford. Mas não essa paixão comum que é uma das características de 9 e meio em cada dez brasileiros. Os times profissionais ele acompanha de longe, sem grande entusiasmo. Seu foco é o futebol que ainda traz as marcas de um passado remoto, em que ser jogador nem era considerado profissão e jogava-se exclusivamente pelo prazer do jogo. Como ele o fez desde o final da década de 40, como ponta-direita de vários clubes amadores da capital, até o início dos anos 70. Não bastasse isso, ainda juvenil, começou sua carreira de jornalista esportivo tornando-se o maior cronista do futebol suburbano de Curitiba.

Hoje, aos 76 anos, continua com o entusiasmo do garoto que dava os primeiros chutes no juvenil do extinto Palestra (*). E, ressalve-se, os petardos nunca foram dirigidos a um adversário, sempre à bola. Tanto que em 1947, jogando pelo juvenil do Coritiba – que se sagraria campeão do ano – o garoto Levi recebeu o prêmio Belford Duarte, dado aos jogadores que eram exemplo de disciplina e respeito aos demais. Na temporada não recebera nenhum cartão ou fora advertido pelo juiz.

Essa mesma disciplina ele sempre carregou em sua vida profissional, desde que começou como colaborador do saudoso Diário Esportivo, em 1953, quando era diretor de publicidade do também extinto Bacacheri (?). Três anos depois participaria da primeira equipe do Tribuna do Paraná, onde permanece até hoje como titular da Suburbana. Metódico, detalhista, ele elaborou todas as fichas técnicas de todos os jogos de todos os campeonatos da suburbana desde então. Catalogados com meticuloso cuidado, os dados são pinçados de seu extenso arquivo com rapidez invejável. Seja o campeão de 65, o resultado da último partida de 77 ou quem marcou os gols da primeira partida do campeonato de 85.

Parte de seu monumental acervo, Levi usou para escrever, junto com o amigo Heriberto Ivan Machado, A História do Futebol Paranaense, obra lançada no ano passado. O extenso volume conta desde os primeiros contatos dos moradores do Estado com o rude esporte bretão, em 1903, até as últimas campanhas dos grandes times da capital. O que mostra que o seu banco de dados não se limita ao que usa no seu dia-a-dia profissional.

E esse oceano de informações não para de crescer. Diariamente é alimentado por novas informações, que vão se juntar às milhares de pastas e volumes que coloca nas dezenas de estantes que mantém numa ampla sala de sua casa na pacata rua Elias Zaruch no Vista Alegre das Mercês, onde mora desde os anos 80. Prestes a completar 40 anos de casado com ...., com três filhos (Lizandro, Lúcio e Eunice) e três netos (Ralf, Amanda e Luma), Levi não dá mostras de cansaço. Pelo contrário, lembrando o ponta-direita dos velhos tempos, ele está em pleno pique para fazer um novo lançamento. Só que em vez de atirar a bola na pequena área, irá lançar um novo livro: a história do Bacacheri.

Mais um lance da vida deste apaixonado por futebol.

Extensa obra que traz informações desde que o rude esporte bretão chegou ao Estado, em 1903.

Torcedor coxa – embora desanimado nos últimos anos -, ele dividiu o livro-documento com o atleticano Heriberto.

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